Minha arte desde sempre é uma forma que encontrei de expressar meu olhar sob o mundo que existe e também sobre a possibilidade de construir outros mundos possíveis, Imagino e observo ao meu redor e a partir do meu território se forma minha arte. Minha história permeia uma ancestralidade e memória apagadas, minha família descende dos povos indígenas Tapuyos do sertão do Rio Grande do Norte, lugar onde nasci e é o território que mais nutre minha criatividade e inspiração artística, minhas maiores referências são arquétipos das paisagens e mitologias que permeiam o sertão e a cultura originária, a partir da cosmovisão de bem-viver minha arte tem como objetivo expressar um olhar dissidente em contramão a monocultura construída sistemicamente. Me auto declaro uma pessoa indígena em contexto urbano por socializada num ambiente periférico em Natal capital do Rio Grande Do Norte, percebendo meu lugar no mundo enquanto crescia e por ser uma pessoa dissidente e vindo de onde vim, me construí como sujeito me fez ver o quanto minha existência e arte são políticos e minha forma de me expressar pode criar conexões mentais que tornam tudo possível materializando na arte territórios metafísicos, onde habito e por onde passo influência totalmente minhas construções artísticas, um exemplo é o meu processo de pintar ao vivo que foi sendo incorporado as minhas práticas de fazer artístico a partir de uma observação e necessidade de afetação com outros sujeitos. Enxergo a arte como como uma impulsionadora de mentes, corpos, espíritos, intuir em conjunto com o público levando o processo e o fazer artístico para perto das pessoas, criou um novo olhar em relação ao que está sendo produzido. Minha ancestralidade sempre foi e ainda é algo muito forte na minha arte e ritualizar os processos em coletividade dialogam diretamente com meus processos de retomada ancestral, os elementos que construo nas pinturas são arquétipos simbólicos e tem sido uma forma também de remontar saberes e perspectivas ancestrais no presente e no futuro, reconstruindo e ressignificando o passado.