Perfil

Foto de William Severino Freitas

O primeiro encontro de juremeiros de Natal, ocorreu em janeiro de 2018, no espaço Museu Memorial da Capoeira, situado na Av. Solange Nunes do Nascimento, nº 100, Cidade Nova. O espaço locado e toda infraestrutura foi providenciada com recursos próprio, mostrando a tradição de diversas famílias integrantes do culto na Cidade e contando com a presença de visitantes de outras famílias de todo estado e estados vizinhos. Infelizmente, 2019 a direção do Memorial da Capoeira se recursou a locar do espaço alegando não alugava para “macumbeiros” e com todos os serviços aportados, a coordenação do Terreiro Mestre Benedito na pessoa de Pai Freitas se viu de mãos atadas e de um tratamento intolerante ediscriminatória nasceu a nossa maior parceria. Levado pelo agente cultural Pedrinho de Ogun, reconhecido militante das nossas tradições para uma reunião com o Senhor Dácio Galvão, Pai Freitas e o II encontro de juremeiros do Natal/RN foram acolhidos e até atualidade tem sido uma honra e prestígio trabalhar junto a Fundação e seus dirigentes. Ao longo de sete anos do encontro de juremeiros e juremeiras do município de Natal/RN, o evento já recebeu diversas condecorações pela iniciativa no RN, como na Paraíba e Pernambuco pelo seu idealizador Juremeiro Pai Freitas, uma demonstração de que os ritos tradicionais populares são patrimônio do povo brasileiro e podem oportunizar identidade, saberes e cidadania aos povos africanos e indígenas. A tradição do Catimbó-jurema do Rio Grande do Norte tem registros históricos desde a ocupação portuguesa, Francesa e Holandesa na costa litorânea e sertão potiguar. Os povos originários do riograndenses são o maior marco de levante
registrados nas capitanias do Nordeste. Sendo a última a ser ocupada, durante 100 anos de
enfrentamento dos povos indígenas, demarcando que nosso maior legado ancestral advém
desses povos Tapuias, Cariris, Poty, Paiacus e Canindés, esse últimos apelidados de
Camarões, comuns habitantes do Litoral, sendo os mais reconhecidos devido ao batismo de
seus dois patronos que defenderam a capitania de ocupações indevidas Felipe e Clara
Camarão, reconhecidos heróis indígenas da família tupinambá, que tinham parentes em todo
litoral nordestino, do RN à Bahia. As tradições e os saberes, desses povos, são registrados
por Luís da Câmara Cascudo e Mário de Andrade, que em seus escritos reconhecem como
sendo o Rio Grande do Norte, o detentor do maior número de terreiros de tradição ameríndia
do Brasil. As práticas, os ritos, instrumentos, vestimentas e culinária traçam um dos mais
complexos modos de vida e tradição da herança indígena do estado, sendo objeto de
inúmeras pesquisas acadêmicas, folclóricas e de cultura popular. Um encontro dos agentes
sociais que mantém viva a tradição e o culto são a concretização do orgulho de seu
pertencimento e legado à história e memória dos povos potiguares.

Município de atuação:
Macaíba/RN